A data é um símbolo do consumo excessivo dos recursos naturais do planeta. Nesse ritmo, seriam necessárias 1,7 Terras para sustentar os seres humanos. No entanto, como dizem os slogans e campanhas de ONGs ambientalistas, só temos um planeta disponível, “não existe planeta B”. Com este marco impressionante, especialistas pedem que a sociedade adote um estilo de vida mais sustentável.
“A continuidade desta sobrecarga durante meio século levou à redução da biodiversidade, ao excesso de gases de efeito estufa na atmosfera e ao aumento da competição por alimentos e energia”, aponta em um comunicado de imprensa David Lin, diretor científico da Global Footprint Network. “Os sintomas são cada vez mais evidentes: ondas de calor incomuns, incêndios florestais, secas e inundações”, completou.
Como é calculada a data?
Para medir a pressão da atividade humana é preciso comparar dois conceitos: a pegada ecológica da população e a capacidade biológica de um território. Todos os recursos naturais que a humanidade necessita para alimentação, habitação, transporte e para compensar os resíduos que gera, incluindo gases de efeito estufa, devem ser observados. Esta noção é então reduzida a uma superfície: um campo para produzir cereais, pastagens para o gado, uma floresta para a madeira, um oceano para os peixes. E também a superfície necessária para absorver o CO2 produzido pelas atividades humanas. Esta “pegada” depende do número de habitantes de uma área e do seu estilo de vida.
Já a capacidade biológica de um território representa a superfície necessária para produzir recursos naturais e serviços ecológicos renováveis.
A Global Footprint Network realiza estes cálculos, medidos em “hectares globais”, para cada país, com base em um grande número de dados, como terras cultivadas ou florestais e consumo de energia, entre outros, particularmente fornecidos por agências das Nações Unidas, que são atualizados anualmente.
A capacidade biológica da Terra foi estimada em 12 bilhões de hectares globais, enquanto os humanos utilizam o equivalente a 20 bilhões de hectares por ano, ou seja: 1,7 vezes mais.
Para tornar a compreensão deste valor ainda mais acessível, as ONG converteram o índice numa “dívida” anual: os humanos consomem os recursos renováveis da Terra em sete meses e, teoricamente, vivem “a crédito” até o resto do ano.
Data estável não significa melhora nos índices
Embora o Dia da Sobrecarga tenha permanecido bastante estável ao longo da última década, oscilando entre 1° e 6 de agosto desde 2011, a Global Footprint Network salienta que a resposta da humanidade não tem sido bem sucedida por não conseguir cumprir os objetivos estabelecidos internacionalmente para proteger o planeta, tais como manter 30% da biosfera mundial até 2030 ou reduzir as emissões de carbono em cerca de 45% em relação a 2010.
“Só a redução das emissões de carbono, por si só, já seria responsável por adiar o Dia da Sobrecarga em 22 dias por ano durante os próximos seis anos”, aponta a ONG em seu comunicado de imprensa. Desde 1970, a data foi antecipada em cinco meses.
Por
RFI